Age of Empires em seu quarto título retorna a Idade Média. Nós do História e Combate Medieval, jogamos este jogo lançado no dia 28 de outubro de 2021 e após observar diversos aspectos, temos o objetivo de produzir as impressões históricas acerca do jogo produzido. Note-se que assuntos como jogabilidade, serão abordadas apenas no quesito de entretenimento e não em uma crítica voltada puramente a indústria dos jogos e seu rumo na atualidade.
Sabemos que Age of Empires é uma franquia conhecida, aclamada e muito nostálgica para uma grande infinidade de amantes de história. Desenvolvido pela World’s Edge e pela Relic Entertainment, publicado pela Xbox Game Studios, Age IV é um jogo de estratégia em tempo real (RTS) para as plataformas de PC.
Durante um bom tempo, Age of Empires marcou a infância, adolescência e até iniciou diversos jogadores no mundo da estratégia. Em seu segundo título, onde aborda o medievo, Age marca presença com campanhas icônicas, divertidas e cheias de ação e estratégia. Com o tempo, os desenvolvedores foram observando o potencial do jogo a ponto de continuarem lançando expansões.
O novo título medieval da franquia cria um contraponto interessante: Ao invés de apenas redesenhar com um novo motor gráfico, com gráficos melhorados (apesar que uma comparação entre ambos seria bastante injusta), os desenvolvedores criam um jogo de uma forma totalmente diferente e que acabou se mostrando um sucessor espiritual digno de um titulo que marcou gerações.
Campanhas
Age of Empires IV a princípio possui quatro campanhas jogáveis: Os Normandos, Guerra dos Cem Anos, Império Mongol, Ascensão de Moscou. As campanhas, por sua vez, agora são focados em uma civilização, em um esforço ou um evento específico. Reformulando a ideia das campanhas, Age of Empires IV traz ao jogador uma experiência única alterando a memória de uma campanha focando em um personagem, agora criando uma linha temporal ao jogador diante dos eventos em questão.
A introdução de cada cenário está maravilhosa. Em cada campanha podemos ter uma imersão gigantesca. Os estúdios desenvolvedores criam um paralelo que caiu muito bem com os locais históricos: Por meio da tecnologia atual, buscam recriar alguns eventos, dando vida aos locais, como por exemplo simulando o conflito dos normandos e anglo-saxões na Batalha de Hastings, os mongóis cercando os muros da Cidade Proibida, durante a conquista da China, a destruição de Moscou pelos mongóis e a criação do Kremlin e a execução de Santa Joana D’Arc ou o famoso Duelo dos Trinta.
Cada evento possui uma especificidade. Mesmo quando curtos, há um direcionamento ao jogador que ocorrerá um importante conflito, mostrando a marcha e o percurso de cada exército ou a localidade de uma cidade ou fortaleza importante a ser cercada.
Além dos vídeos introdutórios das campanhas, Age of Empires IV ainda conta com dois interessantíssimos recursos, que vale e muito ser comentado por nós, a equipe do História e Combate Medieval. Primeiro, devemos fazer uma menção ao que o jogo nos traz com o nome “Página da História”, que é alguma curiosidade histórica ou explicação sobre determinado assunto. Não é uma pesquisa profunda sobre o tema, mas abre de forma sutil e perspicaz o interesse de jogadores sobre o tema. Temos trechos sobre o Domesday Book, estandartes mongóis, São Dimitri Donskoi, Nicola, Xerife de Lincolnshire, Campanhas de Ordenanças, Batalha de Castillon, Catedral dos Reis, Capitais Mongóis e Ivan, o Terrível. Vale a pena conferir!
Outra importante e maravilhosa adição feita pelos desenvolvedores são os “vídeos”. São pequenos vídeos, com menos de 10 minutos cada, que possuem a preocupação de ambientar e familiarizar ainda mais o jogador com o tema e com a civilização em que se está jogando a campanha. Por exemplo, na campanha dos normandos, fala-se sobre a forma de construção dos castelos e de um ambicioso projeto de reconstrução de um castelo do séc. XIV na França onde cada colaborador do projeto utiliza apenas os recursos medievais, inclusive para subir as pedras e transportá-los. Há a presença de nomes importantes como o Dr. Tobias Capwell, curador de armas e armaduras da Wallace Collection em Londres, autoridade no assunto. Capwell aparece em mais de um vídeo, explicando sobre as armaduras de placas e as dietas de campanhas dos cavaleiros e infantaria de camponeses e burgueses.
Mas não há necessidade de ficar aflito! Para quem acha que não iríamos falar sobre os mongóis ou o povo de Rus, há vídeos explicando sobre os atiradores de arcabuz de Rus do século XV e XVI, o estilo de colheita do povo Rus e a curiosa diferença estética e aplicabilidade em combate entre sabres, muito comuns no leste e as espadas européias ocidentais. A aqueles que gostam dos povos das estepes, podemos ver sobre as táticas de tambores e flechas, a fabricação do arco mongol, o famoso cavalo mongol das estepes, a Grande Muralha da China e a belíssima música nômade.
Civilizações
Age of Empires IV em sua versão inicial conta com oito civilizações, que podem ser traduzidas em Estados medievais: Rus, Sacro Império Romano Germânico, Chineses, Ingleses, Sultanato de Déli, Mongóis, Dinastia Abássida e Franceses.
Cada civilização possui uma característica diferente e cria ao jogador, uma melhor ambientação e imersão de acordo com a realidade de cada povo. Por exemplo, franceses e ingleses possuem uma realidade de sociedade mais próxima do que estamos acostumados no antigo jogo da franquia: Economia agrária, civilizações mais balanceadas e “fáceis” de aprender.
Note-se que cada civilização, conta com seus pontos fortes e fracos. Por exemplo, os ingleses possuem um forte poder com seus arqueiros de arco longo e sua habilidade de plantar estacas contra cavalaria. Na economia, suas férteis e baratas fazendas podem render bons suprimentos; Os franceses com sua poderosa cavalaria e bons canhões para cerco. Seus mercadores possuem habilidades especiais; O sacro Império Romano Germânico, possui a figura do prelado, que pode influenciar tanto a economia como sua infantaria, que chega até aos temíveis lansquenetes; Rus, possui os monges guerreiros e uma economia baseada na caça; Os mongóis possuem o sistema de horda, onde adquire-se recursos saqueando os inimigos e cada construção pode ser realocada, em como sua rápida e devastadora cavalaria; Déli possui os terríveis elefantes de guerra e sua habilidade em produzir e pesquisar tecnologias; Os chineses, começam com aldeões adicionais o que pode ser uma boa tática para uma economia sólida. Possuem um sistema de dinastias que permitem unidades e edifícios especiais e boas unidades de pólvora. Por fim, o Califado Abássida, inspirado também no Sultanato Mameluco, possuem a Casa do Saber de Bagdá, onde uma boa administração feita em volta deste edifício, pode render aos jogadores ótimos bônus. Para defender suas terras, há dois tipos de camelos de batalha.
Do ponto de vista estético e histórico, Age of Empires IV mantém o que seus antecessores o faziam: Buscam criar uma identidade visual e em relação ao segundo título da série, o jogo inova criando ainda mais identidade as unidades, principalmente as genéricas (infantaria e cavalaria leve e pesada). Batedores também mudaram, as construções se mantiveram específicas por cada civilização e agora, cada “Era” em que o jogador avança, há músicas específicas para cada civilização.
Veredito
Age of Empires IV não inova no cenário dos jogos de estratégia em tempo real, mas nós do História e Combate Medieval podemos dizer que é um sucessor digno do tão famoso e nostálgico Age of Empires II, pois reúne elementos tanto de seu antecessor como do último jogo da série.
É um jogo com um imenso potencial, atrativo, divertido. Para quem é fã da série ou para quem está a procura de um novo jogo do gênero medieval, vale a pena tentar dar uma chance para Age of Empires IV e testar o que o jogo tem para oferecer de melhor, jogando com cada civilização e apreciando os cenários enquanto você desenvolve seu povo e se torna uma potência.
Sabemos que os jogos possuem uma função extremamente importante na cultura popular quando tratamos de portas para conhecimentos ou de elementos chamariz para determinados assuntos. É inegável que alguns títulos são mais focados para nichos, seja por sua forma de jogo, sua essência ou jogabilidade. Age of Empires IV possui uma ótima ferramenta de criar um interesse em história do jogador. Os antigos jogos da série já contavam com este elemento e com a ótima adição de uma narrativa bem construída, somada com os elementos de “páginas da história” e vídeos que buscam passar ainda mais informação, vinda de autoridades no assunto e de profissionais estudiosos, bem como ambientar e proporcionar ainda mais imersão.
Há uma imensa possibilidade de leques para o jogo a partir de seu lançamento. Com 8 civilizações e 4 campanhas, os desenvolvedores já se pronunciaram de forma oficial que pretendem abordar ainda mais histórias, trazer novas civilizações e focar ainda em um cenário competitivo. Para nós do História e Combate Medieval, nos resta apenas esperar e torcer para que os desenvolvedores façam um trabalho ainda mais interessante com as campanhas vindouras e que tenham uma narrativa e vídeos promocionais tão legais quanto os atuais.
A comunidade em fóruns já se pronunciou até com as civilizações e campanhas que gostariam de ver. Império Bizantino, Castela e Leão, Estados Italianos e Império Asteca são alguns nomes bem cogitados. Se os desenvolvedores produzirem com base na vontade de sua comunidade vem coisa boa por aí, não? E nós estarmos aqui para trazer as impressões e historicidade.
Desta forma, acreditamos que Age of Empires IV possui um grande potencial, é possível passar horas jogando e se divertindo, inclusive com os amigos e suas campanhas, trazem um novo tipo de narrativa, com uma jogabilidade totalmente diferente de seu antecessor, com diversos herois e uma ótima produção de ambientação.
Comments