Para quem não conhece, Imperator: Rome, é o mais novo lançamento da empresa Paradox Interative, que cria jogos do gênero Grand Strategy, como Victoria, Crusader Kings, Hearts of Iron e Europa Universalis.
Neste cenário, Imperator nos remete diretamente a antiguidade, onde o jogador assume o papel de dirigir um Estado da antiguidade: Seja uma pequena ou média tribo do norte, dos gregos e romanos até os altivos senhores do leste, na distante Pérsia.
Como cada game da Paradox Interative nos propõe um objetivo e uma forma de jogar, Imperator nos traz a essência do mundo antigo: Conquista e imortalidade. Como é de costume entre a comunidades dos Grand Strategy, Imperator nos proporciona a possibilidade de "pintarmos" o mundo com a cor de nosso Estado. Dentre este cenário, as inúmeras adversidades nascem transformando o jogo não apenas de conquista, mas de administração.
Conversando com a comunidade e observando alguns comentários, muitos chegam a conclusão que Imperator é um sucessor espiritual de Europa Universalis: Rome, mas há inovações bem vindas e aspectos de Crusader Kings 2 e Victoria. Um destes aspectos, é a administração dos poderes internos de cada povo, como por exemplo, as famílias que constituem e formam os poderes.
Este poder paralelo interno, fará o jogador observar e o forçará a usar outro grande aspecto que forma o corpo e a alga dos jogos da Paradox: A política. Seja uma aldeia gaulesa, a aristocracia romana ou as famílias mais antigas de Cartago, seu Estado estará cheio de personagens aristocratas, militaristas, buscando poder, fama, dinheiro e lutando entre si para conquistar o mundo para si. Caberá exatamente ao jogador, administrar as funções, concedendo cargos políticos, militares ou de pesquisa, pois cada Estado no jogo, está por sua conta própria em seus avanços. O jogador poderá optar por deixar o jogo político rolar por conta própria e arcar com as consequências.
Roma e Cartago, duas repúblicas e possuem uma mutabilidade enorme: Cargos eletivos como o consulado, facções e famílias buscando o poder e perdendo o poder em questão de poucos anos. As famílias e certos personagens podem dar bônus e penalidades de acordo com suas funções. Cada facção possui seus objetivos e irão trabalhar para que estes objetivos sejam cumpridos. Por exemplo, a facção militarista caso entre no poder, irá ter uma Roma mais expansiva. Mesmo em uma república, o jogador poderá ser um tirano, o que não passará despercebido, pois cada ação no jogo possui uma consequência, o que torna o jogo ainda mais interessante.
Mantendo os Pilares
Para manter seu Estado vivo, um olho atento e uma mente afiada é necessário. Não apenas uma escada para manter o status quo de algumas famílias é necessário fazer, mas como um simulador da sociedade antiga, cada aspecto deve ser observado. Dois aspectos curiosos são os apelos de favores e pedidos aos deuses e o controle populacional de escravos, senão uma grande rebelião servil estourará. Há também os homens livres, que servem para juntar a suas fileiras militares e os cidadãos, que garantem pontos de pesquisa.
Independente de quem você escolher para jogar, o dinheiro será a fonte vital de seu Estado. Mercados e centros comerciais geram impostos que entram diretamente no tesouro. Outras estruturas garantirão o sucesso de seu império: Celeiros, estruturas sanitárias, impedem que seu império não morra de fome ou peste. O leitor deverá investir nas estruturas militares para possuir um exército forte e sólido (e para isso deverá observar uma série de pequenas necessidades, como por exemplo, os recursos), que defenda bem e expanda de forma prática. Estradas podem ser uma ferramenta poderosa, pois são as veias de um império. Não podemos esquecer do circo. Afinal, para o povo, Panem et circenses.
Veredito
Imperator: Rome é sem dúvidas, um jogo em ascensão e uma aposta séria da Paradox. História e Combate Medieval jogou o jogo até entender as mecânicas e pode atestar que a empresa entregou o que prometeu do jogo.
Dividiremos o veredito em tópicos.
Arte: A arte de Imperator simplesmente é incrível. As telas de carregamento iniciais típicas dos Grand Strategies são maravilhosas, o mesmo podemos dizer do triunfal menu. Imperator não decepcionou. Desde a um vilarejo bárbaro germânico, da chegada de Julius Caesar em Alexandria até a mortal carga dos partos contra as legiões de Crasso, a arte realmente nos remonta ao mundo antigo e sua essência.
Dentro do jogo, o mapa está maravilhoso. Quanto mais distante, mais parecido com um grande mapa político, dividindo o mundo em cores e soberanias. Quanto mais nos aproximamos da geografia, das cores, o mundo vai tomando formas geográficas e vida: Tropas marcham, frotas rasgam os mares e as cidades vivem.
Os eventos também não decepcionam. Desde eventos políticos com belas artes, os retratos dos personagens está de acordo com sua cultura. Um detalhe que nos chamou atenção fora após capturar uma importante localidade, o jogador pode optar em ser misericordioso, ou não.
Por fim, os estandartes dos antigos Estados estão em sua maioria de acordo com os relatos e descobertas arqueológicas. As cores também foram minuciosamente escolhidas para entrar no contraste histórico. Vale ressaltar que nem toda nação, estará minuciosamente de acordo com o que fora. Muito se perdeu da Idade Antiga, mas os principais Estados estão impecáveis neste aspecto.
Trilha Sonora: Com uma estupenda trilha sonora, Imperator faz questão de nos transportar para o jogo, como se ao apertarmos os botões de iniciar o jogo abrisse um portal e nos levasse exatamente para a época em que estamos falando.
Para quem pode adquirir a trilha sonora ou ter acesso as músicas, recomendo prestar atenção nos mínimos detalhes.
Jogabilidade: A jogabilidade do jogo é boa. As tensões políticas e os planejamentos típicos do gênero, forçam o jogador a criar uma linha de raciocínio de estratégia que mergulha no universo do mundo antigo. Ademais, a Paradox tem fama de ser uma empresa com tutoriais pobres, sem uma forma didática que seja eficiente. Pois, jogamos o tutorial e podemos assegurar que o jogo passa noções básicas para adentrar, sobreviver e se expandir em Imperator.
O que leitor não pode esperar é exatamente uma receita de cada campanha, em um "o que fazer quando". Tanto a parte militar, econômica e política, é bem explicada e suas funções comprem bem o papel para o jogo Vanilla.
Imersão: Uma boa jogabilidade, história da Antiguidade Clássica, arte esplêndida, trilha sonora bela, só poderia resultar em uma ótima imersão no jogo. Jogamos o tutorial com Roma e duas pequenas campanhas: Macedônia e Cartago.
Inegável é a diferença, as ambições e desafios que cada Estado apresenta e curiosa é a forma como algumas saídas são propostas para o jogador. Ficamos com uma sensação de querer ter jogado mais, com as tribos celtas, germânicas e hispânicas.
Críticas?
Uma grande crítica que podemos fazer é a falta de polimento. Mesmo em um computador com configurações boas, com processador em I7 ou Ryzen e placa de vídeos boas, com o passar do tempo, às vezes o jogo apresenta umas "engasgadas".
A comunidade ficou bastante dividida: Parte gostou bastante do jogo e parte desferiu ácidas críticas, chegando inclusive a acusar a Paradox de dar dinheiro a IGN, que deu nota 92 ao game. Houveram críticas dizendo que o jogo precisa de um melhor polimento, inclusive que a inteligência artificial precisa de uma melhorada. De fato, precisa. Mas precisamos lembrar que é lançamento e manter um Grand Strategy funcionando em perfeitas condições logo de cara não é nada fácil.
Vimos também um pessoal que gostou do jogo, mas sentiu uma sensação de "vazio". Este vazio, que comentaremos logo a seguir.
Esperança
A combinação que Imperator traz de Europa Universalis e Crusader Kings tornam o jogo com uma vida útil longa (até mais que Crusader Kings) e com uma esperança de melhores atualizações, é um jogo mais do que promissor. Pode ser um novo estilo nascendo.
Esta sensação de "vazio", percebida por alguns fãs, pode ser traduzida facilmente em três letras: DLC. A Paradox é uma empresa que investe pesado em conteúdo adicional e muitas vezes este conteúdo muda o jogo da água para o vinho. No Europa Universalis 4, a DLC Dharma ganhou este destaque. No Crusader Kings 2, Holy Fury adotou este papel transformador.
Bem senhores, só podemos esperar coisa boa vindo da Paradox. Pode ser um pouco caro a longo prazo, mas vale a pena. Sabemos que a empresa continua investindo em seus jogos por anos a fio e não abandona a comunidade. Pode ser que teremos novas datas iniciais de jogo, mudanças de culturas que trarão melhores imersões. Além disso, sabemos que conforme o tempo passa, surgirão atualizações e conteúdos adicionais que tornarão a administração e a guerra ainda melhores.
Nos resta esperar. Conseguimos aguardar por um bom tempo desde o anúncio do jogo. Agora aguardemos pelas boas novas do jogo e que possamos ter a possibilidade de desfrutar de um jogo como Imperator, mesmo com a necessidade de um melhor polimento e melhorias na inteligência artificial, não são problemas que afetam totalmente o jogo muito menos a diversão.
Podemos concluir que Imperator: Rome, era o jogo da antiguidade do gênero de Grand Strategy que estávamos esperando. E não nos esqueçamos: Roma não foi construída em um dia.
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