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Foto do escritorAlex Snyster

Vikings: da Noruega a América

Para entender como os Vikings chegaram na América antes de Colombo, é importante compreender o sentimento aventureiro, mas também o momento político que levaram famílias navegarem para o Oeste além da Inglaterra.

Em primeiro lugar, é sabido que os Vikings eram exímios navegadores e procuravam por terras mais férteis e riquezas, mas o momento político do reino de Harald Hårfagre (850-943) era conturbado no séc. X (872-930), pois com unificação dos reinos da Noruega, muitas famílias, segundo a historiadora e arqueóloga dinamarquesa Else Roesdahl em The Vikings, saíram das regiões conquistadas para não serem súditos de Harald Finehair ou Haroldo I da Noruega, essas batalhas para unificar a Noruega fora um fator decisivo para a expansão que irá acontecer além da Inglaterra, chegando no oriente Bizantino e na América.

Tendo essas questões como ponto de partida, é importante nos debruçarmos diante de documentos que narram esses feitos, primeiro contados na tradição oral e posteriormente escritas no séc. XII e XIII, as Sagas.

As sagas são documentos importantes para compreender aspectos culturais e políticos dos vikings, as sagas que nos contam sobre essas expedições são: Íslendingabók (O livros dos islandeses) escrito entre 1120-30 por Ari Fro∂i, conhecido também por Ari Thorgilsson, Landnámabók (O livro do assentamento), Grœnlandinga saga (A saga da Groelândia) e Eiríkis saga rau∂a (A saga do Erik o vermelho).

Todas essas sagas narram do conhecimento das Ilhas Faroés, Islândia, Groelândia e por fim da América. É preciso entender o porquê dessas sagas serem importantes, pois elas narram, com certos floreios narrativos, feitos importantes e comprovados pela arqueologia. O caminho que os Vikings fizeram fora esse:



Noruega, Islândia, Ilhas Faroés, Groelândia e Vinland (América), essas sagas nos contam os processos de assentamento, de organização, por exemplo, a Islândia fora descrita como um tipo de oligarquia (Roesdahl. Else -The Vikings) e as sagas.


Para esses descolamentos no Atlântico era necessário marinheiros competentes e, principalmente, bons barcos, para manter uma rota de trocas com os outros assentamentos e a Europa. Essas navegações para além da Inglaterra começa no fim do séc. IX, sendo a Islândia a primeira a ser assentada. Segundo Ari Thorgilsson, por volta do ano de 930, a Islândia já estava completamente assentada, com gado e algumas plantações na parte sul. O que sustenta essa data é que cemitérios pagãos foram descobertos e datam do séc. IX e X, ou seja, corresponde com a saga sobre o assentamento.


A Groelândia, segundo a saga de Erik Brei∂afjör∂ur, fora descoberta por volta de 985, de acordo com Íslendingbók. É importante ater-se a ideia de que essas regiões estão próximas ao Ártico, ou seja, um clima parecido com o clima norueguês, frio, com poucas terras férteis a sul, logo, era uma economia camponesa baseada em criação de ovelhas, bode e vacas mais ao sul da Groelândia, segundo Landnámabók. Umas das hipóteses para os Vikings terem ido para além da Islândia foi o uso constante da terra, o que a deixou improdutiva, sendo assim, eles navegaram a oeste, encontrando a Groelândia.


Na terra verde, segundo as sagas, eles encontraram mais opções para a sobrevivência, como pesca de baleias, focas, ursos, o que ajudou nas trocas com outros assentamentos e outros europeus, pois esses espólios eram de grande valia e exótico para no velho continente. A arqueologia encontrou na Groelândia o martelo de Thor gravado numa pedra em Brattahli∂, uma região com o nome dado a esposa de Erik, hoje perto de Qagssiarssuk.


Não fora uma jornada fácil, tampouco rápida, perto do ano 1000, séc. XI a saga da Groelândia fala que a América fora vista por Bjarni, filho de Herjólf, que veio junto com Erik, na imigração para Groelândia, mas Bjarni não aportou nas terras americanas, somente depois, Leif Eriksson, o filho de Erik, o Vermelho, de fato desceu nas terras de Vinland, se tornando o primeiro europeu a chegar na América. Existem sagas que apontam para Leif como o primeiro descobridor, mas colocam Thorfinn Karlsefni, como o islandês que fez a segunda expedição para as novas terras e quem criou o assentamento de Vinland.


Hoje, Vinland, Helluland são as terras de Labrador e as Ilhas Baffin, as evidências arqueológicas de que os vikings realmente estiveram na América (Canadá), fica em L’Anse aux Meadows, são grandes muros e construções feitas de madeira, no mesmo estilo encontrados na Islândia e na Groelândia, além de outros objetos escandinavos encontrados na região.


O sítio arqueológico de L’Anse aux Meadows, descoberto em 1960.


Segundo as sagas, em Vinland os vikings encontraram terras férteis, madeira boa para construção de barcos, clima agradável, caça e pesca, além de ferro em Black Duck Brook, península de Port au Port. Porém, segundo as sagas, o local era hábito por Scrælings (nativos), provavelmente tribos locais, e não eram amigáveis, por conta disso, ficou inviável permanecer assentado em Vinland por muito tempo, e segunda a arqueologia, as sagas estão corretas a esse respeito, pois as construções foram pouco usadas e datam do período que Ari conta nas sagas.


Muito é dito ao redor do mundo, entusiastas acreditam que os Vikings possam ter se misturado com os nativos e posteriormente adentrado ao continente, nada há de concreto na historiografia e na arqueologia sobre isso, o que se sabe é o que a historiografia e a arqueologia conseguiram descobrir de maneira concreta e com a cultura material deixada para trás. Essas possibilidades permeiam a cabeça de muitos, pois o fato de saber que os europeus chegaram na América quase 500 anos antes de Colombo é, indubitavelmente, incrível.


Bibliografia


ROESDAHL. Else. The Vikings. Penguin Books. Second Edition 1998.

STURLUSON. Snorri. Snorra Edda Gylgaginning e Skádlskaparmál. ANDERSON. Rasmus. The Younger Edda. Tradução 1879.

THORGILSSON. Ari. As Sagas dos Islandeses.

THORGILSSON. Ari. A Saga da Groelândia.

THORGILSSON. Ari. A saga do assentamento.

THORGILSSON. Ari. A Saga de Erik.

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