top of page
Foto do escritorCarolíngio

CARTAS DE CORTÉS - PARTE XIII

Cortés Se Encontra Com Montezuma


Os espanhóis chegam em Tenochtitlan, a grande cidade construída na ilha do lago Texcoco. A cidade é conectada com o resto da terra por vários caminhos.


Então vieram nos encontrar neste lugar, em um dos caminhos, cerca de mil dos principais habitantes da grande cidade, todos uniformemente vestidos de acordo com seus ricos costumes; Assim que tomaram distancia para falar, cada um, aproximou-se e fez uma saudação muito comum entre eles, colocando as mãos no chão e o beijando. Isso nos fez esperar por cerca de uma hora, até que toda a cerimônia estivesse findada. Conectada a cidade, há uma ponte de madeira de dez passos, onde a passagem é aberta para deixar a água ingressas e regressar, assim ascende e declina; Também para a segurança da cidade, eles podem remover os largos feixes da ponte e recolocá-los quando bem entenderem; Existem muitas pontes em diferentes lugares na cidade, assim como Sua Majestade entenderá por todos os detalhes que lhe passarei.

Quando passamos a ponte, Senhor Montezuma veio nos receber, cerca de de duzentos nobres, todos descalços e vestidos em libré, ou de uma fina vestimenta de algodão, mais rica do que é usualmente vestida; Vieram em duas procissões passando pelas casas em cada lado nas ruas, que bastante larga e bonita, tão longa que se pode ver seus extremos, deve ter dois terços de liga em extensão, de ambos os lados possuindo casas e templos elegantes.

Montezuma veio pelo centro da cidade, rodeado de dois lordes, um em sua direita e outro na esquerda, o mesmo nobre que veio me receber em uma liteira anteriormente; O outro era irmão de Montezuma, senhor da cidade de Iztapalapa, que eu deixei no mesmo dia; Todos os três estavam vestidos da mesma maneira, com exceção de Montezuma que vestia calçado, enquanto os outros estavam sem. Estava de braços dados com os dois, e eu avancei devagar para saudá-lo; Mas os senhores me preveniram de tocar nele, então os três fizeram a cerimônia de beijar o chão; Depois, ele instruiu seu irmão a me acompanhar; Depois, ele me pegou pelo braço, enquanto Montezuma, com seu outro atendente, andavam em uma distância curta na minha frente, depois que ele falou comigo, todos os outros nobres vieram em minha direção, então voltaram a sua grande procissão, um após o outro e desta maneira, retornaram a cidade.


A este ponto eu avancei para falar com Montezuma, tirei um colar de pérolas e diamantes e coloquei sobre seu pescoço. Após avançarmos sobre as ruas, um de seus servos trouxe dois colares feitos de conchas marinhas, cobertos por um rolo de roupas, que foram feitos a partir de cascas de camarão ou pervinca, eles a seguravam com grande estima; E com cada colar contava com oito camarões de ouro, trabalhados de uma maneira perfeita, com um pé e meio de largura. Quando eles foram trazidos, Montezuma virou-se e os colocou em meu pescoço; E assim continuou a andar até chegar em seu esplêndido palácio, onde se alojava e estava devidamente preparado para nossa recepção.


Então ele me tomou pela mão e me levou até um salão espaçoso, de frente havia uma corte, da qual entramos. Pediram para sentar-me em um pedaço de um rico tapete, do qual ele ordenou que fosse feito para uso pessoal do imperador, e pediu para que aguardássemos seu retorno. Após um curto tempo, quando meu povo estava conferindo seus alojamentos, ele retornou com inúmeras joias de ouro e prata, trabalhos em penas, cinco ou seis mil peças de algodão, muito ricas e com variadas texturas e acabamentos.


Após ter apresentado estas peças a mim, ele sentou em outra peça de tapete que havia colocado próximo a mim e começou a discursar:


"Já faz muito tempo que, desde as formas dos escritos, nós aprendemos com nossos ancestrais que nem eu nem aqueles que habitavam esta região descendiam de seus habitantes originais, mas de estranhos que emigraram para uma terra muito distante; E nós aprendemos que um príncipe, cujo todos eram seus vassalos, conduziria nosso povo para estas partes, e então retornaríamos para apara terra nativa. Ele depois viria novamente a este país, após um lapso de muito tempo e encontraria seu povo convivendo com os habitantes nativos, casados e com muitos filhos, e construíram cidades das quais eles residem. E quando ele desejou que todos voltassem com ele, estes estavam sem vontade de ir, nem estavam dispostos a reconhecê-lo como soberano; Então ele partiu deste país, e sempre ouvimos que seus descendentes retornariam para conquistar esta terra e nos reduzir a condição de vassalos; E de acordo com a direção de que você diz ter vindo, nomeado de o quarto onde o sol nasce, e que você diz que um grande senhor ou rei, que lhe enviou, nós acreditamos que este seja nosso natural soberano, especialmente quando diz que faz tempo desde que teve conhecimento de nós. Assim sendo, posso te assegurar que irei lhe obedecer, e que te reconhecerei, para que nosso soberano e grande senhor a quem, você menciona e que não haja engano de nossa parte. E você tem todo o poder desta terra, eu digo, todo o poder que meus domínios se estendem, para comandar como bem entender e será feita em obediência, para isso, estamos a sua disposição. E assim você está em sua própria casa, descanse e refresque-se depois de toda a labuta de sua jornada, e os conflitos que vocês tiveram, que foram levados até vós, como eu bem sei, pelo povo de Puntunchan a este lugar; E eu temo que os Cempoallanos e os Tlaxcalanos falaram coisas horríveis sobre mim, mas você não precisa acreditar em mais nada senão seus olhos, especialmente por aqueles que são meus inimigos e um dia foram meus súditos, tendo se rebelado com sua chegada, faça estas declarações para agradar-te a seu favor.


Este povo (Tlaxcalanos), eu sei, te informou que eu tinha casas com paredes de ouro, e meus tapetes e outras coisas em comum eram de texturas feita de ouro e que eu era um deus, eu me havia transformado em um, e dentre tantas outras coisas. As casas que vocês vêm são de pedra, cal e terra." - Então ele abriu suas vestes para mostrar seu próprio corpo para mim, dizendo.


"Você está vendo que sou composto de carne e osso como vocês, e sou mortal, palpável ao toque," ao mesmo tempo estava se beliscando com suas mãos; "veja", ele continuava, "como eles haviam enganado você. É verdade que tenho algumas coisas de ouro, que inclusive meus ancestrais deixaram para mim; Mas tudo que é meu está a seu serviço da forma que desejares. Eu estou indo agora para as outras casas que eu resido; Você estará aqui e ficará com o que for necessário para você e seu povo, e não sofrerá aborrecimentos, pois você está na sua própria casa e no seu próprio reino."


Eu respondi a ele em respeito a tudo o que ele disse, expressando meus conhecimentos e adicionando coisas que a ocasião demandava, especialmente esforçando-se para confirmá-lo na crença de que Sua Majestade era o soberano que eles estavam procurando; E após isso ele partiu e após sua partida, fomos reabastecidos com galinhas, pães, frutas e outras coisas necessárias para o uso em nossos alojamentos. Neste caminho, durante seis dias, tivemos tudo que fora necessário e fomos visitados pela nobreza.


- Hernán Cortés, Segunda Carta, Páginas 85 - 89.


Cortés encontra Montezuma

Fonte: American Historical Association.

12 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page